Impacto das aglomerações nas festas de fim de ano deve ser notado a partir do 10º dia do ano

Mesmo com hospitais no limite de atendimento em Campo Grande, com pacientes intubados no Ambu (ventilação manual), o cenário pode ser ainda pior a partir do fim de semana. É o que projeta a diretora do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), Rosana Leite.
De acordo com a diretora, as festas de fim de ano ainda não influenciaram nas taxas de ocupação do Hospital Regional, entretanto, a partir do fim de semana poderá haver um aumento significativo.
“Um aumento grande virá a partir do 10º ao 15º dias das datas comemorativas. Este foi o padrão que observamos no decorrer do ano de 2020, após as datas comemorativas do Dia das Mães, do 7 de Setembro e outros feriados”, disse.
Ontem, a Santa Casa divulgou que o pronto-socorro atenderia apenas pacientes regulados e com referência exclusiva para o hospital. A medida era válida por 24 horas e, após este período, a situação seria reavaliada.
De acordo com a diretoria do hospital, a redução no atendimento do pronto-socorro foi feita para minimizar o risco de desassistência aos pacientes que já estão internados. “Informamos ainda que todos os órgãos competentes já foram comunicados”.
De acordo com a Santa Casa, a ocupação total de leitos é de 75%, sejam eles de enfermaria ou unidade de terapia intensiva (UTI) adulto ou pediátrico. A maior preocupação é com os leitos críticos. A taxa de ocupação nas UTIs está em 130%, ou seja, 30% aguardavam vagas.
Três salas cirúrgicas estão interditadas para tratamento dos pacientes excedentes graves sedados e intubados que compõem os 30% das vagas. Dos 30 leitos de UTI destinados ao tratamento exclusivo da Covid-19 no hospital, 27 estavam ocupados na tarde de ontem.
Ontem, um desses pacientes socorridos pelo Ambu estava sendo assistido desde 5h30min. A Santa Casa informou ainda que recebeu, entre o dia 30 de dezembro e hoje, 389 solicitações de transferência de pacientes.
Desses, 192 foram enviados como vaga zero, ou seja, equivalente a 49% das solicitações. As internações estão com média de 103 pacientes por dia. Além dos pacientes da regulação, foram enviados para o hospital pacientes levados por Samu, Corpo de Bombeiros e demanda espontânea.
OUTROS HOSPITAIS
Dados do Hospital Regional apontam que desde o dia 1º houve uma queda na ocupação de leitos de UTI adulto, no primeiro dia a taxa era de 91% e reduziu para 75% ontem.
O hospital estava com 75 pessoas internadas na UTI, entre casos suspeitos e confirmados. A taxa de ocupação do HRMS ficou acima de 100% diversas vezes durante o ano passado.
Ontem, a ocupação dos leitos clínicos gerais no HRMS estava em 74% para adultos e 89% dos leitos de UTI adulto. A ocupação dos leitos clínicos para Covid-19 estava em apenas 44%.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), a lotação de UTI global em hospitais públicos na Capital era de 83% do total de 243 vagas.
Com a soma de hospitais públicos e privados com vagas para o Sistema Único de Saúde (SUS), 84% dos leitos estão ocupados. Segundo a Secretaria, o fluxo nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ainda está normal, já que geralmente nesta época do ano há muitos traumas.
No Hospital Adventista do Pênfigo, a taxa de ocupação da UTI geral era de 84%. Dos 21 leitos de UTI para Covid-19 disponíveis, 19 estavam ocupados. Quanto aos leitos clínicos, a situação é um pouco melhor, com ocupação de seis leitos do total de 16.
No Hospital Proncor, os leitos clínicos gerais têm ocupação de 60% e a UTI geral estava com 90%. Já os leitos de Covid-19 tinham 100% de ocupação na UTI e 68% de ocupação nos leitos clínicos.
A taxa de ocupação do Hospital Geral El Kadri era de 75% em dezembro e teve uma queda para 65% em janeiro. De acordo com o centro médico, a redução deve continuar até o início da segunda quinzena de janeiro, em razão das festividades de fim de ano, como Natal e Ano-Novo.
No Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, todos os 10 leitos abertos no início da semana para Covid-19 já estão ocupados. De acordo com a unidade, não é possível notar uma piora no período de festividades, pois o local está sempre cheio.
Outro lugar lotado é o Hospital da Cassems, onde a UTI geral estava com 100% de ocupação. A UTI para Covid-19 estava com 90%.
No Hospital da Unimed, a UTI geral tem 10 leitos, dos quais oito estavam ocupados, e 14 leitos clínicos, com 13 preenchidos. Para o tratamento de Covid-19, eram 37 leitos ocupados, do total de 40 vagas da UTI, e 33 pacientes nos leitos clínicos, do total de 68.